Bom, primeiramente agradecemos a todos os que visitam esse blog, e em segundo lugar pedimos desculpas pelos longos períodos sem postagens.
A seguir um texto redigido por Marcelo Gribov Brinckmann, acadêmico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) - Porto Alegre/RS– Diretor Regional Sul da FeNEA, gestão 2006/2007. Publicado na Revista do XXXI ENEA Florianópolis, julho de 2007.
Quando redigi, junto com outros estudantes da Regional Sul e Regional Nordeste, o texto do eixo temático de trabalho desta gestão, no CONEA CAMPINAS 2006, me apeguei ao que escutava dos colegas durante os últimos encontros que participei, e é claro, também a respeito de como a postura dos estudantes de arquitetura e urbanismo vem sendo tomada nos mesmos.
Assim, na ânsia de fazer com que cada vez mais acadêmicos se interessem por sua profissão e as conseqüências que ela pode vir a trazer para um melhor habitar do ser humano, nasceu a proposta de se discutir e levantar o debate através do seguinte tema:
“Que movimento é este que estamos fazendo?”
Quando falamos ou ouvimos falar em movimento estudantil, não sei porque, mas a imagem que me vem à cabeça é da ditadura militar e a busca estudantil por uma democracia, que, naquela época, não existia, e, assim sendo, era uma busca comum, de interesse comum, portanto tomando forças e dimensões enormes dentro do nosso país,gerando as conseqüências já sabidas por todos.
Outra questão que fica imponente, é a dos “caras pintadas”, onde mais uma vez o interesse comum levou ao impeacheament do então presidente da república.
Isso aconteceu e é memória, tudo bem, mas e hoje colegas estudantes, por que a classe estudantil como um todo luta? Por um ensino digno da nossa formação? Por um ensino público digno? Por diminuição das mensalidades das universidades privadas? Por condução mais barata para os estudantes? Por um melhor corpo docente? E tu vivente? Já paraste para pensar por que tu luta? O que pensar do movimento hoje?
O movimento estudantil hoje passa por uma total fragmentação, onde a UNE (união nacional dos estudantes) que é o maior órgão representativo dos estudantes do Brasil, está numa situação totalmente partidária, de direita, e ainda por cima com uma campanha muito forte e real de separação dos estudantes através da já conhecida CONLUTE.
Assim, com este quadro de hoje, passamos por um período onde os estudantes possuem dificuldades de encontrar um caminho único, convergente de reinvindicações como forma geral de luta, onde cada classe defende o seu interesse. Mas isso tudo pode mudar e depende apenas de nós, tomemos como exemplo todas as ocupações ocorridas nos últimos meses, em São Paulo, em Alagoas, Porto Alegre, Rio de Janeiro... essas ocupações possuem um valor de força estudantil muito forte, onde em alguns estados, a tomada da reitoria se deu por apoio as outras ocupações. Ora, nos dias de hoje, tomar uma decisão difícil desta em prol de atitude estudantil em pressionar e chamar a atenção ao nosso sucateamento do nosso ensino superior, é um fato que tem que se levar em consideração e avaliar se hoje, com a democracia que se diz ter, se com o “presidente do povo” que se tem, briguemos então pelo direito digno de ensino!
Ta, mas o que isso tem a ver comigo aqui dentro deste ENEA?
Quando pensamos em política, é inevitável não pensarmos em corrupção, lavagem de dinheiro e outras sujeiras, mas busquemos aqui a real origem desta palavra.
Do Aurélio: política. O termo política é derivado do grego antigo e se refere a todos os procedimentos relativos à pólis, ou a Cidade-estado. Assim, pode se referir tanto a Estado, quanto sociedade, comunidade e definições que se referem à vida humana.
Segundo a autora Kannah Arendt, filósofa alemã (1906-1975), política "trata-se da convivência entre diferentes", pois a política "baseia-se na pluralidade dos homens", assim se a pluralidade implica na coexistência de diferenças, a igualdade a ser alcançada através desse exercício de interesses, quase sempre conflitantes, é a liberdade e não a justiça, pois a liberdade distingue "o convívio dos homens na pólis de todas as outras formas de convívio humano bem conhecidas pelos gregos".
Segundo Nicolau Maquiavel, em O Príncipe, política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o próprio governo.
Ainda existem algumas divergências sobre o tema, para alguns política é a ciência do poder e para outros é a Ciência do Estado.
Então pensemos aqui dentro do ENEA. Estamos fazendo políticas sim, e como tal, dentro dela, buscamos no nosso ofício uma maneira de fazer a inter-relação nossa com a cidade, e uma das maneiras como isso acontece hoje dentro da FeNEA é através dos encontros regionais e o nacional, o qual, hoje, tu por uma semana compõe um grupo de pessoas que conformam uma representação de mais de 50 mil outras pessoas, que são todos os estudantes de arquitetura e urbanismo do Brasil, assim a busca de direitos de ações dentro das cidades do profissional Arquiteto, parte das discussões feitas aqui, durante a tua formação como tal, além da tua formação como cidadão brasileiro.
A partir disso, buscamos uma unidade dentro do movimento hoje, pois com o tamanho de regionalidade que existe em nosso país, cada local possui necessidades próprias, mas que com uma luta conjunta de todos, podemos nos fazer ouvir e desfrutar ainda dentro das nossas universidades, das nossas reivindicações. Busquemos assuntos, de interesse comum, para melhorar o que no caso, é a nossa própria nação.
A forma como a FeNEA vem hoje buscando esta união estudantil e através dos seus conselhos regionais e nacionais, que são realizados periodicamente, acontecendo 4 de cada por ano, onde qualquer estudante de arquitetura e urbanismo tem a oportunidade de se expressar e sugerir a luta à se fazer. Fica aqui o convite a todos os colegas participarem desta construção viva das nossas reivindicações.
A mensagem que fica é que a política é real e necessária, mas o modo como podemos fazê-la, só depende de nós mesmos. Dentro da FeNEA existe uma frase que faz parte da nossa luta estudantil que nos acompanha sempre, apesar da seriedade dos assuntos em que nos engajamos: “E tem que ser divertido sempre”.